"Ó Vó, o que é um paneleiro?" - perguntei eu, há mais de 30 anos.
E com toda a paciência, a minha avozinha, sentada no portal da porta, respondeu: "Ó filha, um paneleiro é um homem que faz panelas."
Mais tarde achei estranho não me deixarem dizer esse nome, quando podia dizer o nome de todas as outras profissões.
Mas tarde ainda, descobri que quem faz panelas é o oleiro.
E só mais tarde ainda, vim então a saber o que a minha avó não me disse.
......................."Mamã, um menino que gosta de outro menino é gay." - Disse-me a minha menina um dia da semana passada.
Fingi que não ouvi.
Fomos abastecer o carro.
O menino começou a portar-se mal e eu disse que ficasse quieto ou então saía do carro e ficava ali (atitude errada da minha parte, eu sei, mas não pensei e não teve consequências graves).
Todo espertalhão declara que ia ter com o "Cx".
O "Cx" é o homem da gasolina que ele conhece e é muito conhecido do papá.
Só que nesse dia o homem era outro. Ficou indeciso se seria ele ou não e eu pergunto:
"Então como é que é o "Cx"? O que é que tu te lembras dele?"Puxando pela memória começa:
"O "Cx" é grande, é bonito..." - para ele tudo o que é simpático chama bonito.
De imediato a menina declara:
"O mano é gay."Fiz um discurso dos meus, que não se chamam nomes ás pessoas, que eu não faço isso, o papá não faz isso e ninguém da nossa casa o faz. Ou seja, inclui gay na secção de nomes tipo parvo, maluco, gordo, feio, etc.
Achei que na altura seria a solução mais fácil.
Acho cedo para começar com explicações de natureza sexual. Principalmente explicações de assuntos polémicos.
Não sei como lidar com este assunto. Não os quero educar para terem mente retrógrada e crucificarem os homossexuais. Mas também não os quero educar com a noção de que teem liberdade de escolha.
Nunca compreendi os homossexuais... até ao dia (já lá vão bem mais de 15 anos), em que o filme "Philadelfia" passou pela 1ª vez na televisão.
Hoje compreendo (ou penso que compreendo, na medida em que nunca senti de perto a situação), o seu drama e o seu sofrimento.
Defendo que devem fazer a sua vida como forem felizes desde que sejam maiores e responsáveis.
Por mim está tudo bem desde que não se "comam" na minha frente.
Filmes com dois homens vejo, desde que a história me agrade não tenho problemas.
Mas com duas mulheres não consigo ver. (É como comer caracóis, dizem que é muito bom mas... não me atrevo nem a experimentar, dá-me cá um nojo só de ver as pessoas comerem caracóis).
Espero não arranjar "inimigos" com este post.
Eu não estou contra, embora não concorde com o casamento homossexual, mas isso é uma opinião pessoal e como tal não alterará em nada a vida de ninguém.
Se um dia, na minha vida, me vier a deparar com a situação penso que não criarei problemas nem sofrimentos desnecessários.
Mas se uma coisa é aceitar pacificamente o que não se quer, outra complectamente diferente é criar condições e incentivar.
Como se explica, a crianças de 5 e 6 anos, o que é ser gay?