sábado, 26 de maio de 2007

A caminhada

Sei onde cheguei: aqui, a hoje.
Sei de onde vim mas não sei para onde vou. E ainda bem que não sei.
Não sei se estou quase no fim do caminho ou... se nem a meio cheguei.
Onde estará o cimo da "montanha"? Será que ainda vou a subir? Será que já desço há muito? Ou iniciarei agora a descida?
Não é pessimismo. Não é tristeza. É sómente a incerteza que todos temos e na qual se pensa mais em certos dias.
Caminhar é muito bom. Chegar o mais longe possível.
Sabemos onde queremos ir... mas não sabemos até onde vamos...
Vamos até onde nos fôr permitido...
Estou feliz por chegar a esta meta...
Mas ainda não chega!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O castigo (parte II)

O tempo estava bonito.

O sol fazia brilhar o verde das plantas do quintal e estava-se bem na rua.
Peguei numa roupinha sensível, no frasco de lava-lãs para roupa delicada, num alguidarinho de plástico e fui encher o tanque de água limpinha.
Surge a minha menina a correr para junto de mim toda sorridente e entusiasmada.
"Mamã, mamã!
É hoje que me vais dar as calças e a barra de sabão para eu lavar?"

O meu mundo quase me caiu aos pés.
Era suposto ser um castigo e não um divertimento.
E a minha "voz de leão" não terá tido então o mínimo poder "amedrontativo".
E eu a pensar que poderia ter sido dura de mais.


Oh! Que saudades dos tempos em que os pais levantavam um nadinha a voz e as crianças obedeciam logo.

Respeito, respeito onde é que tu andas?

Acho que começo a entender.

Acho que começo a entender quando os velhos dizem que "hoje em dia já não há respeito nenhum".

quarta-feira, 23 de maio de 2007

O castigo (parte I)













Há umas semanitas atrás a minha menina vinha todos os dias da escola com a roupa riscada.

As calças de fato de treino, por norma cor-de-rosa, é onde os riscos se notam mais e são mais difíceis de tirar.

Várias vezes lhe chamei a atenção para o facto.
Dizia ela que quando terminava de fazer os trabalhos, enquanto esperava que os outros meninos terminassem não tinha nada que fazer.
Ah, pois!
Como não tinha nada que fazer riscava as calças... a minha doce menina.

E eu e a vovó que se desenrascassemos, não é?

E ainda por cima é coisinha que não sai se for lavado na máquina.

Um dia salta-me a tampa e “rujo com voz de trovão”:
“A próxima vez que isto acontecer, pegas nas calças e numa barra de sabão azul e vais esfregálas p´ro tanque!”

Ouviu e calou.

Imaginei-a chorosa e curvada sobre a tanque a esfregar as calças. O anelinho brilhava na sua mãozinha cheia de sabão.

Tentei analisar a sua expressão facial no sentido se perceber se teria sido dura de mais.
Por vezes tenho essa sensação mas... a crianças nem sempre são fáceis de “domar” e mesmo com o amor incondicional que temos por elas... enfim, paciência de mãe também tem limites...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

SURPRESA - Thinking blogger award

Ganhei esta surpresa.
Fui nomeada.
Não sei muito bem porquê mas também não vou pensar muito nisso.
Fiquei feliz e pronto.


E agora a minha tarefa será também distribuir 5 "Óscares" a 5 bloguinhos que me façam pensar.


E não será uma tarefa difícil.
Se tivesse escolher os 5 que mais gosto... isso sim... seria extremamente difícil.
Alguns dos que vou nomear até não são daqueles que mais visito justamente porque me fazem pensar e essa é uma característica que só me deixa visitá-los quando tenho tempo... sem pressa.
E muitas vezes passo lá imenso tempo e saio sem deixar um único comentário.


E aqui vão eles:


Monika

"O cantinho dos desabafos" de uma menina linda, corajosa e lutadora.
Uma daquelas pessoas que dá vontade de conhecer e cujas palavras nos convencem de verdade que viver é muito bom.


Fátima

Palavras doces e amargas, de dor e felicidade de uma GRANDE mamã.


Meggy

Devolvo a nomeação.
Não sei se será contra as regras mas... não tenho culpa que a minha nomeação tenho vindo de lá.


Piloto automático

Ultimamente um tanto ou quanto à deriva mas... acredito que há-de voltar.


Paulo Santos

Inactivo desde Janeiro... é uma pena. Porquê ?????


E a cada um destes 5 cabe.... nomear cinco que os façam pensar.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O que fica na memória

Depois de um dia inteiro sem o ver, ontem saí do trabalho e fui buscar o meu menino que já estava jantado.

Ao chegar a casa:
“Mamã, vamos bincái.”
“Filho, a mamã tem que regar as flores. Queres regá-las comigo ou queres ver o zig zag?”
“Quéo vei o zig zag.”
E viu o zig zag sozinho enquanto eu regava.

“Mamã, já tá a dái os patinhos, vamos bincái?”
“Queres ajudar a mamã a plantar estas florinhas?”
Ficou super contente.

Bebemos um copo de leite e caminha com ele.

Hoje cantámos e rimos enquanto lhe dei banho, tomou o pequeno-almoço sozinho enquanto eu estendia a roupa e... escola com ele.

E são assim a maioria dos dias. E é isto que me faz pensar.

Que recordação deixarei eu aos meus filhos?
Que tipo de mãe serei eu?

A mãe que ao pequeno-almoço se deixa substituir pela Dora, o Nody, o Duarte, o Harry e o balde de dinossauros ou qualquer outro boneco do zig zag?

Ou a mãe que canta e ri no banho?

Quando digo que tenho uma coisa para lhe dizer, antecipa-se logo: “Já sei, tu adoras-me”. E diz que quando for velhote vai ser sempre o meu bebé porque eu vou estar no coração dele. E diz que eu sou feliz porque ele existe - e tem razão.

Mas... o que prevalecerá ao longo dos anos que vão passar?

Os menos momentos divertidos que passamos juntos e as palavras doces que trocamos?

Ou os mais momentos que passamos distantes?

Sim, porque a maior parte do tempo que estamos perto... é a dormir. Esse não conta pois não?

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Recebi por mail



(Bom material para os "simpáticos" da Carina)




"Declaração de amor alentejana

Desda velhaca da acefa, que ficástes escarrapachada na minha alembradura. Condólho pra ti com esses bêços de mula, o mê coração prega purradões nascostelas, parece um trator a arrencar ecalitos naquela charneca.Se mamáres comé támo, se macháres comé tácho vamos pedir ao té pai quacête o nosso acasalamento.
Gosto de ti, porra!Dá-me um bêjo, atão!"




Desde o dia 29 de Março em "Barbara estrela brilhante" e do dia ? em ??? (não me recordo, quem fôr que se acuse sff)

Não foi muito tempo, pois não?




7 COISAS QUE FAÇO BEM
1 - Dormir com a consciência tranquila
2 - Ponto de cruz e Arraiolos
3 - Cozer meias
4 - Ouvir desabafos
5 - Trancinhas na minha menina
6 - Beijinhos nos meus meninos
7 - Pasteis de grão

7 COISAS QUE NÃO FAÇO BEM OU NÃO SEI FAZER
1 - Desenhar
2 - Estacionar á primeira entre duas viaturas
3 - Andar em grandes cidades
4 - Ligar telemóveis da marca Motorola
5 - Maquilhar-me
6 - Falar baixo quando estou mesmo muito zangada
7 - Tripas à moda do Porto

7 COISAS QUE ME ATRAEM NO SEXO OPOSTO
1 - Altura
2 - Fato e gravata
3 - Voz grave
4 - Pulseira de ouro e perfume
5 - Cabelo mais para o grande
6 - Simpatia
7 - Cavalheirismo e peitorais bem definidos

7 COISAS QUE DETESTO NO SEXO OPOSTO
1 - Bigode, barba e pastilha elástica
2 - Mãos sem um único pêlo
3 - Falar demasiado alto
4 - Cheirar mal
5 - Estar sentado ou parado de pernas abertas
6 - Cuspir
7 - Coçar o ******* em publico.


7 COISAS QUE COSTUMO DIZER
1 - Bom dia alegria!
2 - Nem um piu
3 - Adoro-te
4 - Pchiiiiuuu
5 - Fofinha / fofinho
6 - Um... dois... três
7 - Vai arrumar...

7 CELEBRIDADES (Que admiro)
1 - José Saramago
2 - João Cutileiro
3 - Nicolas Gage
4 - Álvaro Cunhal (não por motivos políticos)
5 - Duarte do zig zag
6 - Shakira
7 - Luís Vaz de Camões

BLOGUISTAS QUE DESAFIO

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sexta-feira, 4 de maio de 2007

Ser velho

Para mim, chamar velho não é depreciativo.
Para mim, dizer idoso é tapar o sol com a peneira.
A palavra velho é como todas as outras, depende do tom e intenção com que é dita.
A maldade não está nas palavras, mas sim no propósito de quem as pronuncia.
Acho eu.

Sempre imaginei que para ser velho e feliz, é preciso coragem.
É preciso pôr de lado sentimentos de poder e por vezes saber amar sem esperar manifestações de retorno.
Lembro-me de começarem a proliferar os lares, aqueles lares cuja mensalidade chega a custar 4 ou mais meses da reforma.
E eu pensei que seriam um paraíso.
Um paraíso para quem tem dinheirinho ou... muitos filhos que dividam a mensalidade.

Terça-feira passada visitei um desses lares.
È lindo!
Tem um jardim com um lago com repuxo.
Tem uma gaiola de passarinhos e um hamster.
E não vi tudo porque o tempo estava mau.

Mas, sejam as coisas lindas ou não, elas só o são caso o nosso coração assim o veja.

Ao abrir a porta para a amplíssima sala de estar, muito bem iluminada e limpa, senti um peso tão grande por baixo das minhas sobrancelhas. A base do nariz apertou repentinamente e tive que fazer força suprema para que as lágrimas jorrassem secas e invisíveis.
Deixando no meu caminho um rio de lágrimas secas e com um sorriso estampado no rosto, procuro no meio deles a minha tia, que não via à cerca de seis anos.

Um senhor sentado junto à janela empurrava um bolinho para debaixo do seu bigodinho.
Uma senhora cujas poucas rugazinhas deixam ainda espreitar um rosto que se adivinha ter sido de uma beleza real, lê uma carta escrita à mão dos dois lados da folha. Não pareceria sequer “apropriada” para aquele sítio, não fosse o andador que mantém a sua frente.
Uma outra senhora, cujo cabelo e colares pendentes em seu pescoço deixam antever uma esmerada educação, tira do talego a sua rendinha que vai fazendo.

“Ela é muito educada” – diz a minha tia.
E morava no monte onde eu cresci.

Nunca na minha vida tinha visto tanto velho junto.
Nunca se me tinha apresentado na frente dos olhos a imagem do meu futuro mais longínquo.
Muito, mas mesmo muito longe, de ser uma imagem desolante, foi uma imagem que me sensibilizou.
A moça que servia o chá, não sei se por gosto ou porque foi o trabalho que conseguiu arranjar mas, o sorriso com que o faz e a doçura de voz com que se lhes dirige deixam transbordando de amor os seus olhos de cor azul.

Onde estarei eu quando tiver a idade deles?
Também terei uma sala ampla e bem iluminada e virão até mim um copo de chá e um bolito pela mão de uns olhos azuis ternurentos?
Será que, no meio deles mas como ser igual, derramarei igualmente dos olhos um rio seco?
Será que terei uma carta para ler... pelo menos?

Ou será que passo a vida toda a correr atrás do futuro, para quando lá chegar sómente me alimentar do passado?
Tenho medo.
Tenho muito medo, não de envelhecer, mas sim de não saber envelhecer.