terça-feira, 18 de março de 2008

A alimentação dos homens

Quando eu era criança e dizia que tinha fome, muitas vezes diziam-me em tom brincalhão: “Tens fome, engole um home(m)”.
Era uma expressão muito usada.

O meu menino ontem quase a horas de jantar
“Mamã... tenho fome”
“Tens fome, engole um home”
“Não posso mamã. Um homem sou eu, pu isso tenho de comei é uma mulhéi. Não posso comei um homem.”

Não consegui perceber qual a sua lógica...
Mas acredito piamente que não terá sido a primeira que me veio á cabeça.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Quando se tem dois filhos...

... é tudo a duplicar.

sexta-feira, 14 de março de 2008


Eu tinha 19 anos.
A “epidemia” começou na sala de trabalho de mais de 20 pessoas e apanhou quem ainda nunca tinha sido apanhado.
A minha borbulhita da barriga (à qual eu achei imensa graça, pois já conta com isso), foi a primeira de tantas e muitas.
Nessa altura passou na televisão “O predador”.
O filme anda lá por casa desde essa altura e ainda não o consegui ver.
A imagem que vinha na revista TV Guia era a de um rosto borbulhento e horroroso... tal qual estava o meu.
A varicela no meu rosto não deixou marcas permanentes na pele, mas deixou-as bem vincadas na “alma” ... até hoje.

Quem me diria a mim, naquela altura, que não tendo coragem para ver o filme, seria daí a mais de uma década que veria assim parecido um rostinho ainda mais amado por mim que o meu próprio?

O meu menino está cheio de pintinhas.
Eram pintinhas... foram pintinhas, agora já não são pintinhas.
Andava feliz mas quando se viu ao espelho também esmoreceu.
Não gostou... eu também não.
Mas é um doentinho com muita paciência, já voltou a ficar feliz... eu ainda não.

Mas quando tiver 19 aninhos... vai poder ver “O Predador” sem impressões.
Valha-nos isso.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pequenos nadas que podem contar muito


A minha menina sabe o que são ciganos, tem vários na escola e é amiga de alguns deles.
Com a mesma naturalidade com que identifica as pessoas para as descrever como sendo a que tem blusa azul ou a mais alta ou a dos cabelos compridos também diz a que é cigana.
A minha menina também sabe que há pessoas brancas e pessoas pretas.

Agora anda na fase das anedotas e adivinhas.
Ontem:
"Mamã, o que é que fazem três pretos dentro de um automóvel vermelho?”
Veio-me de imediato á cabeça a noticia que li a semana passada no jornal sobre um professor posto em tribunal por chamar preto a um aluno (“Entra lá, ó preto” – acho que foi mais ou menos isto).
"Um KitKat"
Um KitKat não tem três barrinhas, pois não?

Por momentos fiquei sem saber se rir ou se dizer que não tinha piada nenhuma, se entender como anedota engraçada ou como piada racista.

Optei por rir, afinal na minha qualidade de alentejana também sou super massacrada e não me ofendo por isso.
Abominar aquela anedota é que talvez fosse marcar a diferença.
Não sei a cor de quem entra aqui, mas se soubesse diria a mesma coisa e teria as mesmas dúvidas... talvez só no futuro possa saber se o que faço agora é bom ou mau.

Não quero que os meus meninos cresçam na ilusão de que todas as pessoas são iguais.
É certo que toda a gente é pessoa, mas não há duas pessoas iguais.
Toda a gente é diferente independentemente da cor, raça, sexo ou religião.

O que quero é que cresçam com a noção de que todas as pessoas são pessoas.
O que eu quero... a ver vamos se além de querer também vou poder.

E já agora...

O que é que fazem 17 alentejanos à porta do cinema?