segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sete aninhos

Tempos houve em que não soube lidar com a minha própria idade.
Tempos houve em que cada vez que fazia mais um ano, achava demais.
Hoje aceito com naturalidade que tenho.
Aceito a meia dúzia de cabelitos brancos que caço com a pinça antes que cresçam e continuo a não me conseguir habituar a usar diariamente um cremezito anti-rugas.
Os meus meninos foram a razão de não me importar de os contar em mim própria.

Já quando são eles... sou acometida de ataques de saudades e a pergunta “onde está o meu bebé?” ecoa-me do fundo da alma.
É bom vê-los crescer, vê-los progredir, vê-los tornarem-se cada vez mais neles próprios, mas dia a dia vão ficando saudadinhas daquilo que já foram.

Um dia, se Deus quiser, olharei para ela e verei uma rapariga linda, jovem, cheia de vida, um rosto de pele sedosa e sem rugas... e verei nela um reflexo de tudo aquilo que eu fui ou quis ser.
Um dia, se Deus quiser, olharei para ele e verei um belo rapaz, jovem, cheio de vida, um rosto de barba bem aparada e sem rugas... e verei nele um reflexo de tudo aquilo com que eu sonhava enquanto jovem.
Um dia, se Deus quiser, olharei para mim e não verei nem rugas nem cabelos brancos, não verei varizes nem pneus, não verei peitos descaídos nem rabo flácido... não verei velhice mas sim orgulho.
Um dia se Deus quiser, olharei o espelho e ele me mostrará a árvore majestosa da qual brotaram aqueles dois maravilhosos frutos.
Será que nesse dia ainda me perguntarei “onde está o meu bebé?”

Ontem o meu menino fez anos.
Deixei de poder dizer que é tão bom ter um menino de seis anos.

Mas hoje posso ver que está igualzinho a ontem e muito mais feliz porque já tem 7 anos.

Foi tão bom ter um menino de seis anos.
É TÃO BOM TER UM MENINO DE SETE ANOS.