quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Olhei para o banco traseiro do carro.
Já tem apenas um dos dois assentos de criança.
Pousei as mãos sobre o volante e olhei em frente... Ela atravessa a rua e mistura-se na multidão ondulante com as mochilas ás costas.
Nesta escola já não a levo até ao portão com a sua mãozinha na minha e elásticos com bonequinhos nos totós. A minha bebé cresceu tão depressa. No porta-luvas tenho ainda uma fraldinha tamanho recém-nascido... já é um acessório do carro tão importante como o triângulo.

Está a chegar a altura que eu temia... deixar de ser mamã e passar a ser mãe. Mãe de quase pré adolescentes.
Os caracóis do apanhado do seu cabelo confundem-se na multidão que o nevoeiro abava e sigo caminho.
Rostos sorridentes acenam a mão à minha passagem... os seus antigos colegas dos quais eu conheço o nome, a idade, os pais e até alguns avós. Dos novos colegas pouco ou nada sei (acho que vou continuar a fazer festas de anos em casa).
Gosto tanto dela como está agora... mas de vez em quando a saudade assola, principalmente ao entardecer quando o ir da luminosidade nos volta o pensamento para dentro de nós.
As tardes de Outono são especialmente cruéis para a saudade.