Ouvido de passagem

O menino falava com o pai enquanto se passeava na loja pela rua das prateleiras dos brinquedos de meninos – nas lojas chinesas estas prateleiras encontram-se sempre bem povoadas daqueles brinquedos que nos últimos anos teem escasseado bastante no mercado: pistolas, espingardas, espadas e afins.
"- Quero ête, quero ête, quero ête"
"- Esse não, esse é dos homens feios, e maus"
"- Eu já sou feio"
"- Não és nada feio. Não és nada feio que eu não quero que sejas feio."
Instintivamente olhei para o menino a fim de confirmar a sua beleza.
E não era feio pois não, era tão bonito quanto pode ser uma criança de talvez 4 anos com um bonequito de peluche debaixo do braço.
Eu também não quero que o meu menino seja feio, mas não consegui evitar que surgisse no meio dos seus brinquedos uma “pitola”. O papá também tem uma para “assustar os ladões”.
E é aqui que “bate” a questão:
Brinquedos violentos, permitir livremente, proibir ou ensinar a utilizar com os cuidados a ter como se fossem verdadeiros?
Será que a proibição total não irá fazer com que o desejo de ter vá avivando cada dia que passa, até chegar a tal idade perigosa?
E aí... o fascínio é tal que já não se prende a brinquedos e... as verdadeiras, poderosas, com capacidade de “eu quero e assim será”... algumas são mesmo autenticas obras de arte.
Eu as aprecio pela sua beleza, tenho orgulho em ter boa pontaria (atirar com pressão de ar em caixa de fósforos foi tudo o que fiz, mas não interessa, acertei e isso é que vale), mas... e o meu filho como será?
Tenho medo de armas.