
Há quem se sinta incomodado por eles, há quem não concorde com a sua existência.
Empatam, andam devagar e no meio da estrada, são lentos, ás vezes parece que não sabem o código (ás vezes??) e são quase sempre velhos.
Mas eu sempre os compreendi...
São pessoas que toda a vida andaram os Invernos em cima de uma motorizada, ao frio e à chuva. Tiveram uma vida dura, não foram é escola e sempre sonharam ter um automóvel confortável, quentinho e onde não precisassem vestir fato de oleado.
Emociono-me quando vejo uma cabeça grisalha ao volante de um “ora pourra”.
Também há quem lhe chame “mata velhos” mas eu... recuso-me a faze-lo.
Quando não posso passar, abdico da minha pressa, sigo paciente e atentamente atrás deles.
Acho que sim, que são merecedores daquele conforto.
Admiro a forma dedicada como os tratam: almofadinhas, bonequinhos... e raramente ou quase nunca se vêem sujos como os automóveis.
E logo comigo, que penso assim é que foi acontecer aquilo.
Senti-me tão injustiçada...
Ia eu no meu “bolinhas”, quando vejo uma peoa (peão no feminino) a atravessar o largo e parar no meio dele.Na ponta do largo estava um casalinho de cabeça grisalha, montados num dos tais “automoveizinhos” parado.Tudo bem, como tinha espaço suficiente e o transito é só num sentido desviei um pouco e passei ao lado da peoa.Então oiço um grito: “E nem os deixa passar, é mais besta que... “ Não percebi o resto. Não parei.Berrei a plenas pulmões “vai bardamerda!”.Fiquei satisfeita.Agora sim, atitude à altura daquilo que me foi chamado.Foi então, e só então que entendi que a ideia era parar o transito para eles saírem do estacionamento. (!!!)Estou arrependida do grito que dei.O que eu devia ter feito era apear no meio da via e perguntar se era comigo que falava.Mas ainda bem que não o fiz porque certamente o “barraco” iria longe.Não gosto de “armar barracos”, nunca o fiz mas... não sei, não sei... talvez um dia ainda me estale o verniz.