Para onde olhar?
Não que o meu sorriso seja ou alguma vez tenha sido deslumbrante e até já tem umas rugazitas de expressão, mas... dá-me jeito.
Mesmo quando estou aborrecida, posso não sorrir mas para a pessoa olho sempre.
Há uma pessoa com quem estou e falo todos os dias que simplesmente não olha para mim. Porquê? Eu agia assim quando era criança e queria esconder alguma coisa.
Estou a fazer a experiência. Desde ontem à noite que também não olho e falo com essa pessoa sempre com os olhos desviados.
Não tem jeito nenhum, estou a fazer um esforço supremo.
Estou a escrever isto porque preciso de saber qual é a forma mais normal no ser humano, será que sou deselegante ao falar de frente para as pessoas?
Há dias passou por aqui um cliente que ao que parece não é destas bandas. Comprou o que queria e pediu o telefone daqui. Depois perguntou o meu nome. Assentou tudo na sua agenda electrónica e depois veio com a conversa que são as pessoas que “estão à frente dos negócios é que fazem as casas” e que aqui neste sítio as pessoas são muito fechadas e que não é habitual encontrar por aqui pessoas a falar assim tão abertamente e atenciosamente.
Não sei o que quer dizer abertamente pois não se falou de nada que não fosse assunto profissional, apenas o tratei como trato toda a gente que aqui vem, falei para ele olhando para ele e com certeza mostrei-lhe algumas das minhas rugazinhas de expressão.
Só espero que não tenha sido para nenhum programa novo de televisão pois o meu cabelo não estava nos melhores dias.
xxx - xxx - xxx - xxx
Acho que estou a ficar doida, tenho tantas saudades do tempo em que a minha avó se punha a cozer ao sol, sentada num mocho, com um chapéu na cabeça. Eu sentava-me nos pés dela e ela refilava que lhe fazia doer.
Ando à tempos a querer fazer isso. Já escolhi o sítio ao fundo do quintal junto ao chafariz dos cágados, já tenho o mocho para me sentar. Mas não tenho tempo, não tenho tempo...
Hoje apetecia-me ficar com a minha mãe.